Protestos violentos por causa de vídeo aumentam a instabilidade da região
por
Jarbas Aragão
O papa Bento XVI começa nesta sexta-feira a vigésima quarta viagem
ao longo de seus sete anos de pontificado. Mas seus três dias de visita
ao Oriente Médio causa preocupação. Essa viagem coincide com a grande
tensão dos últimos dias na região, provocada por um filme amador que foi
considerado ofensivo ao Islã.
As manifestações violentas causaram, inclusive, a morte do embaixador
americano na Líbia e deixaram dezenas de feridos em vários países.
Estão previstos sete discursos de Bento XVI durante sua primeira
visita ao Líbano, onde os cristãos são minoria. Segundo seu porta-voz, o
padre Federico Lombardi, o Papa dará “um sinal de participação e
incentivo” aos moradores de uma região problemática “sem se deixar levar
pelas circunstâncias”. A Santa Sé condenou ”a atividade de
organizações terroristas” neste últimos dias, lembrando que “nada
justifica a atividade de organizações terroristas e a violência
homicida”. Implicitamente, o Vaticano parece acreditar que se trata de
um ataque organizado, não apenas um movimento popular espontâneo que
teria sido causado pela difusão do filme “A inocência dos muçulmanos” na
internet.
O papa de 85 anos, afirmou que viaja “sob o signo da paz”. Ele pediu
às autoridades da região que façam da busca do diálogo e da
reconciliação prioridades no Oriente Médio. Além disso, deverá entregar
aos bispos da região o documento final do Sínodo de Bispos para o
Oriente Médio, redigido no Vaticano em 2010, com a participação de 185
bispos.
Ele será recebido em Beirute pelo presidente do Líbano, Michel
Suleiman. No domingo, celebrará uma grande missa na capital. Autoridades
libanesas tranquilizaram o Vaticano de que a segurança vai ser
reforçada durante a viagem. Curiosamente, facções políticas e religiosas
do país anunciaram uma “calorosa recepção” para Bento 16, incluindo o
Hezbollah, o partido islâmico considerado terrorista pelos Estados
Unidos.
O líder do Hezbollah, Sayyed Hasan Nasrallah, disse que essa visita
do papa é “histórica”. Najib Mikati, o chefe do governo libanês, apoiado
pelo Hezbollah, declarou que 15 de setembro, o dia central da visita
papal, será feriado nacional.
Mesmo assim, alguns imãs radicais no mundo árabe já afirmaram que o
Papa não é bem-vindo. Porém, em sua agenda está uma reunião no sábado
(15) com líderes políticos e religiosos, incluindo muçulmanos sunitas,
xiitas e alauitas.
Na sexta-feira, o padre Miguel Angel Ayuso Guixot, secretário do
Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, pediu o fim imediato
da violência na Síria, insistindo para que o governo de Assad responda
às “aspirações legítimas do povo sírio” através do diálogo. O líder do
maior grupo cristão do Líbano, o Patriarca Maronita Bishara Rai,
manifestou apoio a Assad, o que gerou muitas críticas das facções
muçulmanas.
Os atentados são cada vez mais comuns contra comunidades cristãs da
região, que tem vivido um período de grande insegurança. Especialistas
temem que a onda recente de protestos possa resultar em algum tipo de
atentado contra a vida do papa. Estima-se que existam cerca de 15
milhões de cristãos do Oriente Médio.
Traduzido de Huffington Post
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