Filme anti-Islã foi estopim de nova “guerra santa”.
por
Jarbas Aragão
A nova onda de protesto dos muçulmanos, supostamente é por causa do
filme “A Inocência dos Muçulmanos”, obra produzida nos Estados Unidos e
considerada ofensiva por retratar o profeta Maomé como um homem violento
e mulherengo.
Os confrontos por causa desses protestos têm motivação política em
algumas nações, mas na maioria do mundo árabe e nos países de maioria
muçulmana trata-se de uma questão religiosa. Até o momento já morreram
pelo menos 25 pessoas. Com o ataque de uma mulher-bomba, em Cabul,
Afeganistão, dessa semana, aumentou em 12 a conta.
Tudo começou uma semana atrás, quando manifestantes invadiram a
embaixada dos EUA e rasgaram bandeiras americanas. Quatro pessoas foram
presas. Logo depois, no dia que os ataques do 11 de setembro completaram
11 anos, um atentado contra o consulado norte-americano em Bengasi,
Líbia, matou quatro pessoas, incluindo o embaixador J. Christopher
Stevens.
Foi no Cairo que, há uma semana, pouco antes do confronto na Líbia. Um trailer dublado do filme foi postado no Youtube,
e deu início a vários protestos. Manifestantes muçulmanos na Jordânia,
Bangladesh, Irã, Iraque, Sudão, Iêmen, Tunísia e Israel realizaram algum tipo de protesto.
Criticado pelo presidente Barack Obama e chamado pela secretária de
Estado Hillary Clinton, de “repugnante e condenável”, o material foi
usado como “estopim” para mais um levante dos extremistas muçulmanos.
“Para mim, não é pelo filme, é mais pelo acúmulo de violações dos
Estados Unidos no Iêmen”, disse um manifestante iemenita à BBC. Sanaa,
capital do Iêmem, viu centenas de manifestantes incendiaram carros e
enfrentaram a polícia após invadirem a embaixada americana. Quatro
pessoas morreram neste conflito. Esta semana, mais protestos ocorreram
em Bangkok, Tailândia, e na Caxemira indiana.
Obama e a chanceler alemã, Angela Merkel, retiraram representações
diplomáticas em alguns países. Merkel pediu que o vídeo não seja exibido
em seu país. Mesmo recebendo pedidos para retirar o material do
YouTube, o Google decidiu mantê-lo na Internet, embora tenha bloqueado
o acesso em países como a Índia, Indonésia, Líbia e Egito, por ordens
judiciais e dos governos.
O levante islâmico ocorre pouco mais de um ano após as revoltas
árabes de 2011, quando Tunísia, Egito e Líbia tiraram do poder seus
antigos ditadores. Mas esses ares de democracia não impediram também a
ascensão dos fundamentalistas.
Enquanto isso, líderes muçulmanos como o aiatolá Ali Khamenei, do Irã, classificaram o filme como “blasfêmia” e pediram retaliação dos fieis contra EUA e Israel. O clérigo Abu Islam rasgou e queimou uma Bíblia na frente de milhares de pessoas e avisou a multidão “da próxima vez vou urinar sobre ela”.
A liderança da Al Qaeda pediu hoje que os muçulmanos matem mais
diplomatas americanos. “Nossos peitos se estufam satisfeitos e
encorajados pelos presentes dos muçulmanos do Egito, da Líbia, da
Tunísia, do Iêmen e de outros países do mundo muçulmano”, diz o
comunicado da rede terrorista. Tudo isso só acirrou os ânimos dos
muçulmanos.
O ódio contra os judeus acabou sendo acrescido pelas informações
(posteriormente desmentidas) que o filme foi financiado com a ajuda de
mais de 100 doadores judeus.
Embora tenham surgido ameaças desde o início, o problema foi
aumentando quando o pastor Terry Jones, que já era desafeto dos
muçulmanos, começou a divulgar o filme. Ele justificou que o material “serve para mostrar a ideologia destrutiva do Islã”.
Ao mesmo tempo, um grupo canadense tentou levar o filme para os cinemas,
mas não recebeu apoio. O papa pediu “paz” aos moradores do Oriente
Médio e condenou as ações violentas por causa do filme. A Aliança
Evangélica Mundial também divulgou uma nota condenando esses protestos, que aparentemente não devem cessar tão cedo.
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