por
Jarbas Aragão
Sam Bacile foi identificado como o escritor, diretor e produtor do
filme de duas horas “Inocência dos muçulmanos”, que provocou protestos
que levaram à morte do embaixador dos EUA, Chris Stevens, na Líbia além
de ataques a consulados americanos em outros países.
Bacile diz que vive na Califórnia, onde trabalha no setor
imobiliário. Na verdade, o mistério sobre sua identidade aumentou quando
um consultor do filme afirmou que o senhor Bacile não existe, uma vez
que não apareceu em público.
Nas entrevistas que tem dado, quase todas por e-mail ou telefone,
Bacile afirmou que o filme foi financiado com a ajuda de mais de 100
doadores judeus. Ele acrescentou que trabalhou com 60 atores e 45 extras
para rodar o filme em um período de três meses no ano passado. “É um
filme político. Não é um filme religioso”, finalizou.
Um trecho de 14 minutos do filme foi postado no YouTube em julho e ao
ser dublado para o árabe recentemente geou protestos entre os
muçulmanos pois o profeta Maomé é retratado como um homem mulherengo
violento.
O material tem gerado protestos contra os Estados Unidos em diversos
países do Oriente Médio e também foi divulgado pelo pastor Terry Jones,
que já é desafeto dos muçulmanos por ter queimado exemplares do Alcorão.
No primeiro dia de protestos, egípcios rasgam bandeira dos EUA. No
segundo dia, o embaixador dos EUA e 3 funcionários foram mortos na
Líbia. Hoje, no terceiro dia, a embaixada dos EUA no Iêmen foi cercada e
atacada. Pelo menos uma pessoa morreu e outras 20 ficaram feridas
informaram fontes médicas às agências de notícias.
O governo americano teme que isso evolua para uma onda de ataques
terroristas a outros alvos em todo o mundo. Manifestações também foram
registradas nesta quinta em Bangladesh, Iraque, Marrocos, Sudão, Tunísia
e na Faixa de Gaza.
Steve Klein afirma ter trabalhado na produção e disse à revista
Atlantic que o nome Sam Bacile era um pseudônimo e que ele não era
judeu. Mesmo assim, ele também tem uma visão negativa do Islã. E
acrescentou: “Eu não sei muito sobre ele. Eu o conheci, falei com ele
por uma hora. Ele não é de Israel, não. Eu posso dizer isso com certeza,
o Estado de Israel não está envolvido… Seu nome é um pseudônimo. Duvido
que ele seja judeu. Eu suspeito que isso seja uma campanha de
desinformação”.
Segundo o jornal New York Post, autoridades norte-americanas
identificaram o homem que diz ser Bacile como Nakoula Basseley, um
cristão copta de 55 anos. A agência Associated Press descobriu que os
dois são a mesma pessoa após rastrear o número de celular usado por
Bacile em uma entrevista por telefone. O telefone estava sendo usado da
casa de Nakoula.
Entre as últimas afirmações, atribuídas a Bacile na entrevista à
Associated Press, está a declaração que ele pretende fazer filmes
adicionais. “Meu plano é fazer uma série de 200 horas sobre o mesmo
assunto”, disse ele. E foi mais além: “O principal problema é que eu sou
o primeiro a colocar na tela alguém sendo [retratando] Maomé. Isso os
deixou loucos. Mas nós temos que abrir a porta. Após o 11 de setembro
seria bom todo mundo lembrar que estará na frente do juiz, Jesus”.
O governo americano busca se distanciar do vídeo. Nesta quinta-feira,
a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que os EUA
“nada têm a ver” com o filme, que classificou de “repugnante e
repreensível”.
Traduzido de Telegraph e Associated Press
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