Carlo Maria Martini acreditava que o Vaticano precisa
reconsiderar algumas doutrinas como o uso de camisinhas e a participação das
mulheres no clero
por Leiliane Roberta Lopes
Faleceu na última semana o cardeal
italiano Carlo Maria Martini um acadêmico e estudioso da Bíblia que serviu como arcebispo de
Milão por mais de 20 anos. Em sua última entrevista Martini chegou a fazer duras
críticas a Igreja Católica dizendo que a instituição não tem acompanhado os
avanços da sociedade.
“A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e a
burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e vestimentas
são pomposos”, afirmou ele semanas antes de falecer.
Sua proposta para impedir que esse atraso continue afastando os fiéis seria
de resgatar a confiança e fazer algumas adaptações na doutrina da instituição,
transformações que começariam pelo papa Bento XVI e pelos seus arcebispos.
Para o jornal italiano Corriere della Sera o cardeal disse que entre as
mudanças deve haver uma postura mais generosa em relação aos fiéis da Igreja
Católica que são divorciados.
Outro ponto polêmico que Martini tocou durante a entrevista foi sobre os
escândalos envolvendo líderes religiosos em casos de pedofilia. “Os escândalos
sexuais envolvendo crianças nos obrigam a uma viagem de transformação”, teria
dito.
As opiniões de Carlo Maria Martini sempre foram críticas em relação ao
Vaticano, principalmente em relação a proibição do uso de camisinhas, que para
ele era “o menor dos males”.
Em sua opinião os preservativos seriam uma das melhores maneiras de combater
o Aids na África e se não bastasse sua posição em relação a isso, Martini também
defendia a participação das mulheres no clero.
O cardeal Carlo Maria Martini faleceu na sexta-feira (31) aos 85 anos, seu
corpo foi velado na catedral de Milão recebendo milhares de visitas. O enterro
acontece nesta segunda-feira.
Com informações BBC
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