sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Bispos católicos debatem “provocação” contra muçulmanos

 Vídeo afirma que o Islã irá superar o cristianismo na Europa 

por Jarbas Aragão
Bispos católicos debatem “provocação” contra muçulmanos 
O Presidente do Conselho Pontifício de Justiça e Paz, o cardeal ganense Peter Turkson, pediu desculpas por exibir o vídeo “Demografia muçulmana” durante o Sínodo dos Bispos. Sua exibição causou polêmica nos meios de comunicação e muitas críticas.
O vídeo foi postado anonimamente no Youtube em 2009 e já acumula mais de 13 milhões de visitas. Basicamente, trata-se de uma análise do crescimento demográfico dos muçulmanos em vários países da Europa. No final, sentencia? “em 39 anos, a França será uma república islâmica” e “o Islã irá superar o cristianismo, a menos que os cristãos reconheçam esta realidade demográfica, comecem novamente a ter filhos e compartilhem o evangelho com os muçulmanos”.
O fato é que a iniciativa de Turkson causou desconforto em muitos de seus colegas. Conforme informou o padre Thomas Rosica, durante um dos momentos de livre discussão do evento no dia seguinte: “Quando cheguei hoje de manhã, me perguntaram várias vezes: ‘Quem planejou aquilo? De quem era aquilo? Quem estava por trás?’”. Depois, afirmou que o cardeal Turkson pediu desculpas: “Nunca quis convocar os cristãos para pegarem em armas. Sinceramente, peço desculpas. Nunca foi essa minha intenção”, declarou.
O porta-voz do Sínodo para o espanhol, padre José María Gil Tamayo, alegou que o vídeo “compara o índice de natalidade dos cristãos e dos muçulmanos. Seu contexto é a baixa natalidade e como isso afeta a família”, ressaltando que “o material é contra a cultura da contracepção, não contra os muçulmanos”.
Por sua vez, o porta-voz do Sínodo para a língua italiana, padre Giorgio Costantino, defendeu que o cardeal Turkson “não desejava que fosse um documentário de cruzada contra o islã, mas sim um documentário contra as políticas de controle de natalidade”.
Segundo Constantino, o cardeal André Armand Vingt Trois, arcebispo de Paris, afirmou: “esta visão maniqueísta não é a nossa. Não podemos fazer uma cruzada anti-islâmica”.
Uma das afirmações controvertidas do vídeo é a de que as mulheres mulçumanas francesas possuem 8,1 filhos em comparação com mulheres francesas que não são mulçumanas, que possuem 1,8 filhos. Porém, a França não reúne estas estatísticas segundo a religião, por isso a afirmação é impossível de ser comprovada.
Depois da polêmica relacionada ao filme, os membros da Conferência Episcopal da Europa se comprometeram a divulgar estatísticas de um estudo recente, que corrigem as distorções do filme.
Mesmo assim, a atitude do cardeal Turkson gerou uma série de artigos críticos nos principais jornais italianos. O secretário-geral do Sínodo, monsenhor Nikola Eterovic, continua enfatizando que a visão do vídeo “não é a posição do Sínodo. O documentário foi apresentado apenas como uma provocação para abrir uma discussão”.
Com tudo isso, um dos principais objetivos do encontro ficou em segundo plano, justamente a discussão sobre as maneiras que os católicos podem “reconquistar” cristãos nominais, especialmente em países em desenvolvimento.
Traduzido de Catholic News Agency

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