Artistas se dizem “censurados” pelos evangélicos
por
Jarbas Aragão
Sete artistas da região de Santos estão grafitando uma torre
de 14 metros de altura. Quando uma coruja foi desenhada no alto da
torre, começaram os problemas.
O pastor da igreja Bola de Neve da cidade, Eric Vianna, afirma que a
coruja é o símbolo de uma seita chamada Bohemian Grove. Esse movimento
ocultista reuniria anualmente pessoas influentes e famosas, incluindo
ex-presidentes dos Estados Unidos, artistas e políticos.
O pastor acredita que o trabalho dos grafiteiros serve como
“divulgação” da seita e como o governo da cidade é laico, esse símbolo
não deveria ser exposto em lugares públicos.
O pastor Viann diz saber que o desenho “… não passa de um símbolo de
um animal. Eu não acho que a coruja vai demonizar a cidade. O que
questiono é se houve a permissão para o grupo colocar o símbolo. O
artista que desenhou a coruja já havia feito esse mesmo símbolo em outro
local e colocado o nome da seita. Se ele desenhou a figura, eu posso
escrever o logo da Bola de Neve no local também. Ou um símbolo de
estrela, que representa o judaísmo. Ou até uma lua, do islamismo. Se
fazemos apologia para uma seita, também podemos fazer para todas as
outras seitas e religiões”, defende.
Já Leandro Shesko, um dos artistas envolvidos no projeto, afirma que
se trata de uma tentativa de censura por parte da igreja. “Eles estão
dizendo que estamos usando o símbolo de uma seita satânica. Não nos
inspiramos no símbolo da seita. Eu já fiz um outro trabalho, onde
interagi com a arte de um companheiro e completei o desenho de coruja de
outro artista. Nisso, acabei fazendo alusão ao Bohemian Grove porque vi
na internet e achei importante que os interessados se informem a
respeito. Quando fiz o primeiro desenho não quis fazer propaganda.
Apenas trouxe, por meio da arte de rua, um assunto exposto massivamente.
Acho que isso tudo é um pouco de fanatismo”, assevera.
A Prefeitura de Santos já afirmou que a coruja não será removida.
Shesko afirma ainda que o projeto artístico foi aprovado pelos órgãos
competentes e que esse não é o primeiro problema com a Bola de Neve. “Já
estávamos com problemas com a igreja antes de iniciar o projeto.
Havíamos desenhado uma caveira, mas a prefeitura pediu para apagarmos e
resolvemos fazer algo com teor menos negativo. Resolvemos apagar antes
das reclamações chegarem”, disse.
A polêmica maior ocorrer nas redes sociais.
Mas segundo o pastor, várias pessoas entraram na página dele e fizeram
ameaças. “Estou andando escoltado. A minha integridade física foi
colocada em risco. Recebi várias ameaças covardes pela internet.
Chegaram a falar até que invadiriam a igreja. Virou uma situação de
guerra, de gangue. A minha intenção foi sempre pacificar. Esses rapazes
já frequentaram a igreja e não são meus inimigos”, explica.
As informações são do G1.
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