Viúva diz que pastor enviava cartas pedindo perdão
por
Jarbas Aragão
Florisvaldo de Oliveira, mais conhecido como Cabo Bruno, foi
condenado por matar mais de 50 pessoas. Mas ao se converter na cadeia,
mudou de vida e se tornou pastor evangélico. Um mês depois de ser solto
acabou assassinado com cerca de 20 tiros na última quarta-feira (26). O
motivo apontado pela polícia seria vingança de algum parente ou amigo de
uma de suas vítimas.
Durante entrevista ao Fantástico, na noite deste domingo, Dayse
França, 46 anos, viúva de Florisvaldo revelou que o marido queria o
perdão das famílias das vítimas. Ele se arrependeu de seus crimes a
ponto de enviar cartas para os parentes das vítimas pedindo perdão.
“Ele queria o endereço de todo mundo. Como levantar endereço de
famílias que ele tirou a vida? Ele falava para eles que precisava pedir
perdão mesmo que não aceitassem. Ele precisava do perdão. Algumas
perdoaram, retornavam com cartas dizendo que perdoavam. Algumas mandavam
ele para o inferno, diziam que não queriam saber”, afirma.
Nos anos 1980, Cabo Bruno foi expulso da Polícia Militar, suspeito de
chefiar um grupo de extermínio na capital paulista. “Ele falou ‘não
existe esquadrão da morte, nunca existiu. Nunca envolvi ninguém. Era eu
sozinho. Eu errei sozinho’”, explica a viúva.
Daisy França, pastora e cantora da Assembleia de Deus, casou com o
ex-policial quatro anos atrás. Ela diz que ele não andava armado e que
desde que foi solto não foi ameaçado. Durante a entrevista ela conta que
há 21 anos Cabo Bruno era um homem atormentado, que tinha pesadelos com
demônios. Foi nessa época em que ele se converteu.
“Ele viu que o Cabo Bruno não era nada. Quem era ele diante de Deus?
Aí que ele começa a mudar. Ele falou ‘na idade que eu tinha, eu era um
descabeçado’. Ele colocou bem claro que ele era errado”, afirma.
O homem que casou com Dayse, segundo ela, era diferente de sua fama.
“O homem que eu conheci era doce. É uma coisa pesada de dizer, difícil
de falar porque algumas pessoas que tem ou que tinham rancor dele falam
‘agora é fácil falar’, mas eu realmente conheci um homem maravilhoso”.
No início do mês passado, Cabo Bruno foi consagrado pastor em uma
igreja na zona oeste do Rio de Janeiro. Durante o culto, lembrou os
crimes do passado, mas enfatizou ser um novo homem. “Como pode, depois
de tudo que esse homem fez, de toda barbárie que ele cometeu, como pode
deus perdoar uma pessoa dessa forma?”, questionou. Ele mesmo respondeu.
“A única coisa que eu sei é que o nosso Deus é um Deus de misericórdia. É
um Deus de perdão”.
Sua viúva explica que, nos 35 dias que ficou fora da cadeia, Cabo
Bruno visitou parentes e falou bastante com os fiéis da igreja. ” A
gente viajava, a gente pregava todo dia, pregando em um lugar, pregando
em outro”.
A polícia ainda não tem suspeitos do assassinato do Cabo Bruno. Deisy diz não ter visto detalhes do assassinato do marido, apesar de estar no mesmo carro que ele quando foram abordados. “Ele abaixou para poder sair, ainda de costas, e começaram os tiros. A gente não viu nada. Estava escuro, chuviscando. Eu falava para ele ‘não me deixa, como é que eu vou viver sem você?’”, lembra, emocionada.
A polícia ainda não tem suspeitos do assassinato do Cabo Bruno. Deisy diz não ter visto detalhes do assassinato do marido, apesar de estar no mesmo carro que ele quando foram abordados. “Ele abaixou para poder sair, ainda de costas, e começaram os tiros. A gente não viu nada. Estava escuro, chuviscando. Eu falava para ele ‘não me deixa, como é que eu vou viver sem você?’”, lembra, emocionada.
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