O feriado é um momento de agradecer a Deus pela abundância do verão e pedir um bom ano de colheitas.
por
Jarbas Aragão
O primeiro dia de outubro marca o início de um antigo costume do
judaísmo, chamado de Sucot ou a Festa dos Tabernáculos. Uma de suas
características é o ritual de se agitar as “quatro espécies”.
Os preparos para festa de Sucot começam imediatamente após Yom Kippur,
com o início da construção de frágeis e temporárias cabanas, as sucot
(plural de sucá), dentro da quais, durante os sete dias da duração da
festa, os judeus devem fazer suas refeições e até mesmo dormir. O teto
de uma sucá é feito de galhos ou plantas verdes, finos o bastante para
deixar passar a chuva e permite avistar, através de seus orifícios, o
brilho das estrelas.
O ritual é mencionado pela primeira vez no Torá em Levítico 23:40: “E
no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de
palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos
alegrareis perante o SENHOR vosso Deus por sete dias.” Tradicionalmente,
elas são entendidas como o Etrog (fruto da boa árvore, uma fruta
cítrica aromática), o lulav (ramo da palmeira), a hadas (mirta ou murta)
e o aravot (ramos de salgueiro).
Dizem os sábios que essas Quatro Espécies também representam a união
dentro do indivíduo. O Etrog tem a aparência de um coração; o Lulav da
espinha dorsal; os hadassím simbolizam os olhos e o salgueiro, a boca do
judeu.
O ramo da palmeira deve ser o mais verde e reto possível. Há
preocupação para que o ramo central não se divida e as folhas não
estejam machucadas. Escolhem-se três ramos de mirta de entre 12 e 15
polegadas de comprimento, assim como dois ramos de salgueiro que
precisam ser maiores que o de mirta.
Na cerimônia dentro da sinagoga, o lulav, na mão direita, e o etrog
na esquerda, são carregados enquanto os Hallel (salmos) são cantados. No
fim do culto, o Etrog e o Lulav são novamente segurados durante as
orações em que a congregação circula o tempo cantando hinos de alegria e
agradecimento.
Hoje em dia, os judeus fiéis têm muito cuidado ao comprar as frutas e
plantas antes do festival. As folhas são inspecionadas para verificar
seu frescor, a sidra é examinada sob uma lupa em busca da perfeição e
preços exorbitantes são pagos pelos melhores exemplares. Na verdade, as
tradições hassídicas atribuem poderes místicos ao etrog e seu portador.
Segundo uma corrente do judaísmo, tudo tem a ver com a água. Cada
planta incorpora um habitat típico da terra de Israel, e cada uma se
distingue por sua ligação com a água. Uma vez que o Sucot é lembrado um
pouco antes da temporada de chuva em Israel, o feriado é um momento de
agradecer a Deus pela abundância do verão e pedir um bom ano de
colheitas.
“É por isso que as extremidades de cada espécie não podem ser secas.
Seria como orar para ter boa saúde ao comer junk food”, explica um
rabino hassidico.
O ritual parece uma versão judaica da “dança da chuva”. As folhas das
três árvores são unidas com o fruto (etrog) e balançadas três vezes, em
seis direções: direita, esquerda, para frente, para trás, para cima e
para baixo. Este movimento ritualístico teria como objetivo chamar a
bênção de todos os cantos da terra e que viria para abençoar toda a
criação.
Depois de agitar o lulav e o etrog em uma direção, eles são trazidos
para junto ao corpo antes de ser agitada no outro sentido. O rabino
Avraham Arieh Trugman explica a prática da seguinte maneira: “Ao agitar
as quatro espécies, nas seis direções do espaço e depois trazê-los de
volta para os nossos corações, somos unificados com o espaço e
santificados dentro desse tempo”.
Com informações Huffington Post e Web Judaica
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